
Comunicado da Coordenação Ibérica das Seções Sindicais da CGT (Espanha) e do Stasa (Portugal) no Grupo VW
Os contínuos aumentos nos ritmos de produção, atingindo limites desumanos e as "melhorias contínuas" ou otimizações, vêm destruindo brutalmente vários postos de trabalho nos últimos anos
CSP-Conlutas
A Coordenadora Ibérica das Secções sindicais da CGT e do STASA no Grupo Volkswagen, vem por este meio transmitir o nosso ponto de vista sobre as notícias que desde a Administração da Multinacional têm vindo a público, a respeito do futuro a médio prazo da produção das fábricas na região, em particular sobre a fabricação de veículos elétricos na Península Ibérica.
Tendo realizado reuniões entre delegações da CGT e do STASA para compartilhar a situação das diferentes fábricas e territórios - Palmela em Portugal, Martorell, Zona Franca e Seat Componentes na Catalunha e Landaben em Navarra - vemos que os problemas que nos assolam são os mesmos. As decisões do Grupo Volkswagen sobre onde e como os veículos elétricos serão fabricados, a idade e problemas de saúde dos trabalhadores e, claro, o emprego do qual depende tanto o nosso futuro como trabalhadores do Grupo, como o dos territórios onde se situam as fábricas.
As decisões da Multinacional e a forma como as toma, ocultando as suas intenções e projetos, criando incerteza sobre o futuro, com o único objetivo de chantagear os diferentes Governos para saquear os cofres dos Estados e assim aumentar os seus já enormes lucros e ao mesmo tempo pressionar os trabalhadores nos diferentes territórios, junto às mensagens de falta de produção e excesso de trabalhadores são permanentes para que entremos numa guerra entre trabalhadores pela redução de condições de trabalho e direitos, para conquistarmos as produções que garantam o emprego.
Os contínuos aumentos nos ritmos de produção, atingindo limites desumanos e as "melhorias contínuas" ou otimizações, vêm destruindo brutalmente vários postos de trabalho nos últimos anos, demonstrando a grande voracidade e ganância do grupo em acumular lucros, independentemente de quem fique pelo caminho.
Outro exemplo claro da ganância desmesurada para acumular o lucro máximo no menor tempo e a qualquer preço, chega-nos pelas notícias que nos têm chegado, de que o Grupo VW está a vender o gás acumulado, bem como os direitos adquiridos sobre o mesmo antes dos aumentos exorbitantes de preços, aproveitando a crise energética para aumentar o seu volume de negócios em 400 milhões de euros. Uma reserva que poderá ser necessária num futuro não tão distante para continuar com a atividade das fábricas.
Após a pandemia, a falta de componentes e a guerra na Ucrânia levaram os trabalhadores a fazer sacrifícios contínuos, entre os quais congelamento de salários, aumento da carga de trabalho e da produtividade, flexibilidade ilimitada, perda de poder aquisitivo pela aplicação de layoffs, etc. Enquanto isso, a empresa bate todos os recordes de lucro. Em 2021, o Grupo VW teve um lucro 75% maior, passando dos 15.000 milhões de euros, apesar das vendas terem diminuído.
A Coordenadora Ibérica das Secções Sindicais da CGT e do STASA no Grupo Volkswagen, pretende enviar uma forte mensagem à Multinacional. Queremos comunicar que, independentemente da programação das produções, consideramos que estas devem ser distribuídas entre as diferentes fábricas de forma que forneçam emprego para todos. A mensagem é simples: não há ninguém a mais entre os trabalhadores.
Tanto é que com este comunicado aproveitamos para enviar a fórmula que entendemos como única solução para os problemas que existem: redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução salarial. Com esta medida, reduz-se o absentismo e aumenta-se a produtividade, o que permite não só a manutenção de todos os trabalhadores, como também gera emprego de qualidade. Em suma, uma maior distribuição do trabalho e da riqueza, trabalhando menos, para que todos possam trabalhar.
A partir desta coordenadora, continuaremos a agir e a trocar experiências coletivamente, para podermos enfrentar melhor e com mais garantias, tanto as intenções da Multinacional como os representantes dos trabalhadores que aceitam a sua lógica. Continuaremos a defender os direitos de quem trabalha e temos claro que, a partir da unidade dos trabalhadores de todos os territórios da Península Ibérica, é possível enfrentar e travar os planos da multinacional e conquistar melhores condições de trabalho.