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Reunião Virtual da Rede reúne organizações filiadas e discute lutas e solidariedade internacional concreta
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Reunião Virtual da Rede reúne organizações filiadas e discute lutas e solidariedade internacional concreta

Resistências na Ucrânia e na Palestina foram temas de destaque dentre participantes de 16 países

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Um resgate do compromisso da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, firmado no 5º Encontro realizado em 2023 no Brasil, abriu a reunião virtual da Rede no dia 10 de dezembro, com a presença de mais de 20 membros de diversos países.

Para rememorar as lutas defendidas pela Rede no último encontro internacional, Fábio Bosco listou algumas das moções aprovadas, como a de apoio à resistência operária na Ucrânia, às lutas dos povos indígenas, palestina, saharaui e curda, às greves no Reino Unido, às mobilizações contra reformas previdenciárias na França e na Espanha, de repúdio às perseguições, prisões políticas e demissões no Equador, Brasil, Argentina, Colômbia, Venezuela, dentre outras.

A iniciativa é um dos encaminhamentos do 5º Encontro, pela realização de três reuniões ao longo do ano para a troca de experiências e informes das dificuldades enfrentadas e lutas encampadas pelas organizações filiadas à Rede.

Solidariedade à resistência ucraniana

Yuri Samoilov, dirigente sindical mineiro de Kryvyi Rih, foi o primeiro a compartilhar sobre a atual situação da luta operária na Ucrânia.

Segundo o relato do sindicalista, a guerra tem imposto problemas sérios de abastecimentos de roupas, alimentos e dificuldade para manter abrigos.

“Não é possível prever quando se deve avançar ou se retirar, porque são decisões a serem tomadas muito rapidamente. E nesses momentos há sempre itens que não podemos levar, e é por isso que precisamos de reforços para ter alimentação e abrigo suficientes para os que estão no front”, detalhou.

Além disso, Samoilov explicou que devido a guerra as manifestações e greves têm sido proibidas ou restringidas. “Por isso a mobilização internacional contra corporações, como a ArcelorMittal, por exemplo, são muito importantes”.

A esta já tensa situação, se soma outros fatores que prejudicam o trabalho da resistência contra a invasão russa: o inverno e a escassez de água potável.

Herbert Claros, membro da coordenação da Rede Sindical e da CSP-Conlutas, ressaltou a gravidade da situação e expôs “a importância de seguir em campanha para arrecadar fundos para a construção de poços de água potável na Ucrânia”.

Os camaradas Nepo, da Argentina, Alfredo, da Co.bas Espanha, Hortensia, da Solidaires, e Martin Ralph, sindicalista britânico vice-presidente da TUC Liverpool confirmaram ações concretas de apoio para garantir o acesso à água potável para os ucranianos de Kryvyi Rih.

Alfredo, da Co.bas, Espanha explicou que é preciso “seguir dessa maneira, aprofundando o trabalho de solidariedade”, enquanto Martin informou que em reunião com sindicatos do setor da educação prevista para o dia 13/12 seria discutida a campanha de apoio à Ucrânia.

Oksana Slobodyana, enfermeira ucraniana ativista do movimento “Seja como Nina”, falou sobre o movimento de luta na saúde contra a “completa falta de transparência sobre o manejo de ajuda humanitária, revelando uma grave desigualdade e injustiça que reflete no trato e na atenção ao paciente”. 

O movimento do qual Oksana faz parte tem exercido papel fundamental sob o corte de gênero. Em entrevista concedida para a Rede, a ativista comentou que “a maioria das enfermeiras ucranianas é privada de oportunidades de desenvolvimento profissional e não é incentivada a aprimorar suas habilidades. Além de seu trabalho, a mulher precisa criar seus filhos, cuidar da saúde de sua família e administrar sua casa”.

Outro setor da classe operária representado na reunião foi o de transportes. Vladimir Kozelsky, sindicalista do setor ferroviário, retratou as dificuldades envolvidas em um ambiente de trabalho de extensa linha ferroviária, tendo como tarefa o transporte de itens de defesa para o país, sob condições perigosas e de dura responsabilidade para a resistência.

Apoio à brava luta palestina

Imad Temiza, dirigente sindical da PPSWU, os correios da Palestina ocupada, iniciou sua fala agradecendo às inúmeras manifestações de apoio à resistência contra os ataques israelenses.

Há 63 dias de massacre, ele falou sobre a destruição de Gaza e as condições econômicas prejudicadas para o povo palestino.

Se em Gaza o número de mortos ultrapassa 17 mil, sendo metade das vítimas crianças, o sindicalista conta que a situação de desemprego nos territórios de 1948 e na Cisjordânia é alarmante. “Sobre Gaza, perdemos os contatos com os trabalhadores de correios de lá. Pedimos apoio pelo cessar fogo e pela garantia de ingresso de ajuda humanitária”. Além disso, Temiza destacou a importância de ser exigido dos países o rompimento das relações comerciais e militares com Israel.

Herbert relatou que, no Brasil, sindicatos filiados à CSP-Conlutas seguem participando de todos atos de solidariedade à Palestina, geralmente realizados aos domingos em todo o país.

Da Colômbia, participaram das discussões os sindicalistas Jorge Correa e Yudi Aya. A camarada considerou importante que os sindicatos sigam avançando em ações efetivas de apoio ao povo palestino, afirmando que a cooperação internacional entre países latioamericanos é possível e necessária para isso.

Neste mesmo sentido, outros participantes da reunião expuseram a necessidade de solidariedade direta. Roberto Luzzi, dirigente da Si cobas, da Itália, falou sobre os bloqueios de portos, como em Gênova, para barrar a entrada e saída de navios para Israel. “Precisamos de solidariedade ativa, e não somente de declarações”, apontou. 

Martin também descreveu sobre ações similares, envolvendo vários sindicatos de luta que têm demonstrado apoio à Palestina. “Temos visto campanhas de BDS e temos percebido que aqui no Reino Unido companhias de armas de Israel [Elbit] foram alvos de ações populares. Tivemos uma reunião com dezenas de sindicalistas aqui em Liverpool, tendo a frente os portuários, que estão realizando bloqueios a qualquer navio israelense ou envio de armas para Israel”.

Peter Evans, do sindicato UCU, reforçou o apoio do Reino Unido contra o Estado de Apartheid de Israel.

Edu Aguayo, militante do PT Paraguai comentou sobre “a importância do espaço para trocar os problemas que atravessam a classe trabalhadora em todo o mundo” e explicou que há apoio à luta palestina em seu país, mas sob um um “cerco midiático bastante importante”.

Leonardo Arantes, do Comite Nacional de Conflitos de Trabalhadores da Venezuela, também reforçou o apoio do sul global contra o “genociodio sionista israleense em Gaza”.

Marcelina Pedraza, representando a UAW Local 551, falou sobre o apoio do sindicato à causa palestina Uma ação histórica de solidariedade à resistência do povo palestino é o pedido pelo cessar fogo, feito em 1o de dezembro. A ação é muito importante ao considerar o fato de a UAW ser parte de uma das maiores montadoras de automóveis dos Estados Unidos.

Informes locais

Argentina - A luta contra o FMI, os governos patronais e a traição dos dirigentes sindicais aliados aos governos foram obstáculos compartilhados na reunião. O governo de ultradireita de Javier Milei, subordinado ao sionismo, também foi citado. Camaradas do país solicitaram apoio pela liberdade do ativista Christian Dias, tal como ocorreu com Daniel Ruiz e Sebastián Romero. 

Brasil - Foram relatadas as lutas do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, com a vitoriosa greve da GM em resposta às mais de mil demissões, canceladas sob forte mobilização, e a ampla campanha contra a privatização da estatal distribuidora de água e dos trens e metrô de São Paulo, além da reintegração dos dirigentes metroviários que sofreram demissão política após greve da categoria.

Estado Espanhol - Maria Luz Confederação Intersindical governos de direita e ultradireita. educação e saude deve ser publico. salarios congelados desde a crise de 2008. essa é a nossa luta diaria da classe trabalhadora.

Estados Unidos - A greve das três grandes montadoras de automóveis foi citada como uma das principais mobilizações do período recente. Os trabalhadores conquistaram incrementos salariais e se articularam de modo a unificar as lutas salariais sob uma perspectiva de greve geral, com o objetivo de organizar outras 31 empresas que fazem carros nos EUA.

Itália - Camaradas da Itália compartilharam ações recentes em defesa da Palestina, como um grande ato realizado no dia 17 de novembro, além de importante informe sobre as lutas contra a violência à mulher, em 25 de novembro. Os setores de transportes, em especial o ferroviário, também tem se mobilizado, incluindo pautas como segurança no trabalho. Essa categoria tem sofrido repressão do Estado, que tem impedido o direito de greve. Foram relatadas também lutas contra demissões em empresas de logísticas e retirada de direitos.

México - A histórica greve de trabalhadoras e trabalhadores da agência de comunicação Sutnotimex foi tratada na reunião. Em grande parte formada por mulheres, essa classe de grevistas tem sido duramente atacada com campanhas de desprestígio e criminalização. Com a fala do dirigente do SITIMTA, Jorge Salgado, foi discutido ainda a modificação sobre a lei de água nacionais, o que tem gerado diversas ações e mobilizações conjuntas, Representantes da CNTE e do SINTTIA, da GM Silao, também falaram sobre as lutas locais e a importância da solidariedade internacionalista.

Paraguai - No Paraguai, uma das mobilizações atuais se dá contra a reforma previdenciária no país.

Polônia - Com protestos previstos para ocorrer no dia 11/12 em Varsóvia, a luta de trabalhadores municipais de cargos públicos exige melhores salários. Houve também, por meio de contribuição de Pawel Nowozycki, da IP, reforço de pedido para contribuição com a campanha para a construção de poços de água potável em Kryvyi Rih, Ucrânia.

Portugal - João Reis, da Stasa Portugal, descreveu as prospecções de lítio no país e relatou que existe resistência de populações locais em defesa da agricultura de subsistência. Ficou evidente que os interesses capitalistas se escondem sob uma falsa transição verde.

Reino Unido - As greves no setor de transportes, com o sindicato de luta RMT à frente, além de outras mobilizações como dos trabalhadores da Amazon e da área de saúde foram destaques. A onda de greve possibilitou importantes vitórias regionais e em nível nacional.

Venezuela - A situação crítica econômica, política e social da Venezuela foram abordadas na discussão. Os dirigentes presentes destacaram o aumento de trabalhadores dependentes da economia informal, o baixo salário mínimo e denunciaram as centenas de pessoas em situação de prisão política por atuarem como líderes sindicais.

Fortalecer e fazer ressoar a luta

David Blanco, coordenador da Rede e secretário de Relações Internacionais da CGT, reiterou um pedido antigo da organização, a importância de divulgar todas as lutas dos sindicatos membros da Rede e dar visibilidade a elas em nosso site e nas redes sociais.

Marcelo Amendola, coordenador da Rede Sincicial e dirigente da CUB Itália reforçou o valoroso esforço em manter as conversas periódicas para manter as relações alinhadas e fortalecidas.

Para o dirigente, é possível potencializar as reuniões em níveis continentais, de modo a discutir os problemas em comum e a agenda de lutas.

Foi compartilhado o informe sobre a Reunião Europeia da Rede, que acontecerá nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro em Milão, na Itália, para retomar trabalhos e servir como incentivo para que o mesmo ocorra nos outros continentes.

Plenárias com países latinoamericanos já têm ocorrido e a dinâmica tem estreitado as relações e ações de luta em comum. 

Para a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, o internacionalismo é fundamental para a transformação que busca enquanto organização combativa, independente e de luta.

Para enviar informes sobre as lutas que ocorrem em seu país, envie as informações para o email: syndicalisme.inter@solidaires.org

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