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A luta dos professores do Ensino Superior em Angola e a construção de uma greve geral
Angola

A luta dos professores do Ensino Superior em Angola e a construção de uma greve geral

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A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas entrevistou o Secretário Geral do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior em Angola, Eduardo Peres Alberto, para entender os desafios enfrentados pelos professores da categoria em luta, assim como as demandas e mobilizações em curso. 

O dirigente descreveu o contexto político e econômico de Angola, salientando que os sindicatos têm sido vistos e tratados pelo governo como opositores, e que isso reflete as tensões entre a legislação do país e a prática governamental, com perseguições e ameaças frequentes a sindicalistas e suas famílias.

Um dos principais pontos levantados foi a precariedade das condições de trabalho e infraestrutura nas instituições de ensino superior em Angola. Eduardo destacou a “falta de investimentos sérios do Estado, o que resulta em salários inadequados, ausência de seguro saúde e condições de trabalho indignas”. A infraestrutura das universidades deixa muito a desejar, com bibliotecas e alojamentos em estado precário.

Perseguições
Peres Alberto relatou casos de perseguições e ataques a sindicalistas e suas famílias, incluindo o caso de sua própria filha, que foi intoxicada com gás lacrimogêneo enquanto caminhava por ruas próximas a sua residência. Esses ataques, explicou o docente, são frequentemente atribuídos a “milícias ocultas”, gerando um clima de medo e insegurança entre os ativistas. “Primeiro, começaram a mandar mensagens de ameaças, como ‘avisa ao teu pai, vamos atacar’. ‘Avisa ao teu grupo’. E em de Abril de 2023, ela foi atacada em via pública, às dez horas”, relatou.  

Resistência
Apesar do atentado, as mobilizações nunca cessaram. Dentre as principais demandas dos professores do ensino superior incluem salários dignos, seguro saúde, formação contínua e melhores condições de trabalho e infraestrutura. Apesar das promessas do governo, até o momento, essas demandas não foram atendidas. “Desde 2017 prometeram resolver e até agora nada, não temos resposta do titular do poder executivo”, frisou.

Em resposta, centrais sindicais têm organizado assembleias e estão planejando uma greve geral para pressionar o governo por suas reivindicações.

Eduardo fez um apelo enfático ao Estado para que ouça as demandas dos professores e tome medidas concretas para melhorar as condições do ensino superior. Ele ressaltou que investimentos sérios são essenciais para garantir também o desenvolvimento do país, e que não refletem apenas as lutas individuais da categoria, mas também a determinação coletiva em buscar melhorias significativas no sistema educacional de Angola.

“É preciso melhorar as condições de vida e de trabalho, mas não se faz ciência na pobreza extrema. Não se constrói conhecimento na pobreza extrema. Essa é a nossa preocupação”. Por fim, o dirigente reforça o apelo ao governo para que haja “boa vontade política na resolução dos problemas que afetam a educação e o sistema de ensino em Angola”, e que somente com investimentos no setor será possível melhorar a qualidade do ensino. “Não podemos aceitar que o governo permaneça no silêncio absoluto”, destacou.

A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas expressa apoio à luta em defesa do ensino na Angola, por direitos e trabalho e salário dignos. Assim como à resistência contra as perseguições praticadas pelo Estado.

 

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