Reunião virtual: com informes da Palestina e do Panamá, RSISL reafirma solidariedade internacional
A reunião virtual da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas para a América Latina, realizada no dia 21 de junho, foi marcada por importantes relatos sobre o genocídio em curso na Palestina e a repressão brutal contra os trabalhadores e o povo do Panamá.
Os participantes de diversos países da América Latina também compartilharam informes locais e deliberaram ações conjuntas internacionais de solidariedade e enfrentamento às opressões.
Palestina - o genocídio em curso e a resistência global
Abrindo a plenária, foi dado espaço para discussão sobre a situação dramática na Palestina. Fábio Bosco, da CSP-Conlutas, destacou que a tática central de Israel, após meses de bombardeios e assassinatos em massa, tem sido o uso da fome como arma de guerra. “As pessoas estão sendo mortas nas filas de distribuição de comida. É uma coisa indescritível”, relatou Bosco.
O dirigente narrou também a repressão violenta às iniciativas internacionais de solidariedade que tentaram romper o bloqueio de Gaza. Entre elas, a Flotilha da Liberdade, que teve seu barco interceptado em águas internacionais por forças israelenses, e os comboios terrestres que partiram do norte da África rumo ao Egito, sendo bloqueados militarmente antes de alcançar Gaza.
Bosco relatou ainda a repressão enfrentada pela Marcha Global para Gaza, que reuniu cerca de 4 mil pessoas de 80 países e foi impedida de avançar pelas forças do regime egípcio, aliado estratégico de Israel. Prisões, deportações e perseguições marcaram a resposta das autoridades locais aos manifestantes.
O relato de Bosco também trouxe um alerta sobre a escalada de agressões israelenses contra o Irã, com ataques a alvos civis e apoio explícito dos Estados Unidos. Segundo ele, tanto as potências ocidentais quanto regimes como os da China e da Rússia atuam na prática como cúmplices da política genocida de Israel. “A defesa dos povos atacados no Oriente Médio vai depender da classe trabalhadora e da juventude internacional. Esse é o nosso papel enquanto rede de solidariedade internacionalista”, concluiu.
A delegação brasileira presente na região foi composta por Fabio Bosco, da CSP-Conlutas, Herbert Claros, da RSISL, Magno Carvalho, do Sintusp, e Mohamad Kadri, do Fórum Latino Palestino.
A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas reafirmou seu repúdio ao genocídio em curso e o apoio irrestrito à luta do povo palestino por liberdade, soberania e pelo direito ao retorno.
Panamá - repressão, perseguição política e resistência operária
Na sequência, Reinaldo Garcés, subsecretário-geral do Suntracs - Sindicato da Construção Civil do Panamá, fez um relato contundente sobre a crise social e política no Panamá. Ele denunciou a escalada autoritária do governo de José Raúl Molino, que, com apenas 34% dos votos, assumiu o poder e tem governado em favor exclusivo da elite empresarial.
Garcés descreveu o Panamá como uma “ditadura civil” onde a repressão contra o movimento sindical e popular se intensificou nos últimos meses. Dirigentes sindicais estão sendo perseguidos, presos e forçados ao asilo político. Contas bancárias do Suntracs foram bloqueadas, a contribuição sindical foi confiscada pelo Estado e protestos pacíficos têm sido recebidos com violência policial.
Além da repressão sindical, o dirigente destacou a luta contra a Lei 462, que ameaça o direito à aposentadoria digna, e a tentativa do governo de reabrir uma mina cujo contrato foi declarado inconstitucional após uma ampla mobilização popular em 2023. Garcés também denunciou a assinatura de um memorando de entendimento com os Estados Unidos que abre caminho para a instalação de bases militares norte-americanas em território panamenho, ferindo a soberania nacional.
“Estamos enfrentando e vamos resistir com nosso povo, com nossas bases e com todas as organizações que estão se aliando a essa luta tão importante para o nosso país”, afirmou Garcés, agradecendo a solidariedade internacional.
Neste sábado (21), as autoridades do Panamá cortaram o acesso à internet e aos telefones celulares na província caribenha de Bocas del Toro, após a declaração do presidente José Raúl Mulino de estado de emergência, após quase dois meses de manifestações contra o governo.
A Rede Sindical Internacional, que já havia aprovado uma moção de apoio à greve geral e às mobilizações panamenhas, reiterou na reunião seu total repúdio à repressão e seu apoio incondicional à luta da classe trabalhadora e do povo do Panamá em defesa de seus direitos, da soberania nacional e da democracia.
Solidariedade internacional como resposta
Estiveram presentes ativistas e dirigentes de organizações como do setor automotivo do da Argentina (GM), a CSP-Conlutas, do Brasil, a Unión Nacional de la Clase Trabajadora de El Salvador, Central de Trabajadores Solidaridad Ecuatorianes do Equador, os sindicatos Alternativo de Trabajadoras e Trabajadores de Trolebús, do instituto de tratamento de água (SITMTA), de educação (CNTE) e do setor automotivo do México (GM), Sindicato da Construção Civil do Panamá (Suntracs), Sindicato de Trabajadores de la Administración Nacional de Electricidad do Paraguai, e do Comité Nacional de Conflicto da Venezuela, sendo representações de ao menos 10 países latinoamericanos, como Argentina, Brasil, Colômbia, El Salvador, Equador, México, Paraguai, Venezuela e a Espanha, do continente europeu.
A reunião reforçou o compromisso da Rede com o internacionalismo classista e com a solidariedade ativa aos povos em luta. Frente ao genocídio na Palestina e à repressão no Panamá, a Rede convocou suas organizações filiadas a seguirem mobilizadas, ampliando a denúncia, o apoio político e material e a construção de uma solidariedade que transcenda fronteiras.
A luta é uma só, contra o imperialismo, as guerras, o genodício, o colonialismo, o autoritarismo e os ataques neoliberais que atingem os trabalhadores e os povos do mundo inteiro.
Encaminhamentos da plenária
1. Convidar à afiliação à Rede com o objetivo de fortalecer os laços de solidariedade internacional, trocar experiências de luta e construir estratégias comuns diante dos desafios enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras em toda a região.
2. Manter a solidariedade ativa com nossos irmãos e irmãs da Palestina na Faixa de Gaza. Condenamos a guerra genocida do sionismo israelense e repudiamos toda estratégia de morte gerada pelo imperialismo capitalista. Instamos as organizações a manterem a solidariedade internacional divulgando eventos como a Flotilha da Liberdade, a Caravana da Resiliência, a Marcha global por Gaza, etc.
3. Enfatizar a solidariedade ativa com a Suntracs, os sindicatos de professores, bananeiros e organizações aliadas que mantiveram a greve em sua luta anti-imperialista contra o governo de José Raúl Molina e a lei 462 de redução das aposentadorias e outras violações dos direitos trabalhistas.
4. Conceber e implementar campanhas conjuntas para reforçar as lutas pelos direitos sindicais e pelas liberdades democráticas na região e denunciar a perseguição, as demissões, o assédio e a prisão de dirigentes por parte dos empregadores e dos governos autoritários.
5. Por fim, convidamos você a participar do Sexto Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas na Itália, de 13 a 16 de novembro de 2025, na cidade de Chianciano Terme. Todas as informações sobre o encontro estão disponíveis nas redes sociais da Rede Sindical Internacional em todos os idiomas.

